Petrobras vai retomar altos investimentos em cultura

Fonte:O SUL

Há pouco mais de 10 anos, a empresa ocupava o posto de principal patrocinador do setor cultural. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que a companhia retomará os altos investimentos em cultura, nos mesmos patamares de governos petistas anteriores. Há pouco mais de dez anos, a empresa ocupava o posto de principal patrocinador do setor cultural, com um robusto programa.

Em 2013, ano de maior aporte na última década, o total investido foi de R$ 203 milhões.

Nos dois anos seguintes, ainda no governo Dilma, os valores ficaram na casa de R$ 194 milhões e R$ 139 milhões e perderem tração com Michel Temer: de R$ 71 milhões, em 2016, para R$ 38 milhões, em 2018.

No período Bolsonaro, os aportes seguiram em queda, agravada pela pandemia: R$ 37 milhões (2019), R$ 18 milhões (2020), R$ 37 milhões (2021) e R$ 28 milhões no ano passado.

Shell Brasil

A Shell Brasil, por sua vez, informa que investiu R$ 73 milhões em cultura no ano passado. Desse total, R$ 58 milhões foram aportados por meio da Lei Rouanet, que a empresa começou a utilizar em 2021. O desempenho coloca a companhia como segunda maior patrocinadora pela via do mecanismo de renúncia fiscal. Gerente de comunicação externa da Shell Brasil, Alexandra Siqueira afirma que a política veio para ficar.

“Estamos avaliando nossos investimentos para os próximos anos e a ideia é manter ou mesmo aumentar esse volume”, diz. Como seu principal foco, a Shell investe em iniciativas e instituições perenes, como Museu Nacional de Belas Artes, Cinemateca Brasileira, Inhotim, Orquestra Sinfônica Brasileira e Festa Literária das Periferias.

Prêmio democratizado

Entendendo que precisava reformular o Prêmio Shell de Teatro, o mais importante do segmento no país, a companhia realizou uma pesquisa que identificou a necessidade de democratizar o evento. “O prêmio era muito fechado”, afirma Siqueira. Para ampliar seu alcance, a cerimônia será exibida no dia 15 de abril pela TV Cultura.

Realizada semana passada, a 33 edição do evento ocorreu num teatro do Rio, e não mais no seleto Copacabana Palace ou dividido entre as praças do Rio e de São Paulo. A próxima edição ocorrerá na capital paulista. “Estamos criando a categoria ‘destaque nacional’, que abarcará espetáculos de todo Brasil, e futuramente poderemos realizar a premiação fora do eixo Rio-São Paulo.”

Mercado em alta

Pelo sexto ano consecutivo, o mercado fonográfico brasileiro registrou crescimento, de 15%, em 2022, em valores. O segmento atingiu um total de R$ 2,2 bilhões em receitas, o que torna o Brasil o nono mercado do mundo. Para Paulo Rosa, presidente da Pro-Música Brasil, a associação de produtores de discos, a expectativa do setor é a continuidade do crescimento das receitas do streaming de música, que respondem por 86% do faturamento.

Após a expressiva expansão dos anos de isolamento social (de 26% em 2020 e 32% em 2021), o mercado entra em acomodação. “Em 2022, primeiro ano do calendário pós-pandemia, vemos a taxa anual de crescimento do mercado fonográfico brasileiro se aproximar mais dos patamares apurados nos anos pré-pandemia, ainda assim com uma taxa de expansão bem acima da média mundial de 9% no período”, analisa o executivo.