Programa da Nestlé incentiva sustentabilidade e mostra ganhos reais em fazendas

Fonte : Milk Point

 

Na última quarta-feira, 12/04, a Nestlé realizou mais um dia de Campo do programa Net Zero, onde a participação e engajamento dos produtores foram notáveis.

Reuniram-se na fazenda Marinho, em Silvânia, Goiás, cerca de 250 pessoas de diversas localidades para participar de palestras e compartilhar experiências em agricultura regenerativa e práticas sustentáveis do ponto de vista do produtor que está experimentando ganhos na produtividade.

Antes, sustentabilidade que era vista apenas como um ideal, um tema distante da realidade, hoje está tomando corpo e fazendo parte das fazendas. A porta voz da Nestlé, Bárbara Sollero, gerente de Milk Sourcing Nestlé Brasil, declarou que o projeto é um desafio. “Isso é uma jornada, cheia de desafios e tudo começa com o compromisso global de Nestlé de zerar a emissão até 2050 e uma grande parte disso é relacionada a fazendas, especialmente a agricultura”. Confira o cronograma de compromissos em aqui.

O zootecnista, Celso Eldorado, consultor na área de tecnologia em pecuária de leite sustentável, expôs a experiência dentro do programa e declarou ter reduzido em 10% o uso de fertilizantes e aumentado em 27% a produtividade por hectare em sua produção de silagem, após aderir às práticas de agricultura regenerativa.

Além disso, medidas antes não tão claramente ligadas a sustentabilidade, como resfriamento do gado, uso de milho e sorgo reconstituído, nutrição de precisão, melhoramento genético, entre outras, hoje são vistas como de impacto positivo a produtividade como um todo e, portanto, atuam diminuindo o impacto por litro de leite produzido. “A produtividade da fazenda vem crescendo ano a ano, desde 2010 a média saiu de 18 litros/vaca/dia, hoje está em 30 e a projeção para 2030 é chegar a 40”.

O professor Maurício Cherubin (ESALQ-USP) especialista e grande difusor do tema agricultura regenerativa, trouxe informações relevantes para o produtor e muito práticas como: importância do Carbono no solo para retenção hídrica, aeração, desenvolvimento de plantas (já que, sendo uma carga negativa, retém cátions importantes como K, N, S). Além disso, explicou sobre a importância do cultivo direto, cobertura do solo, rotação de culturas e consórcio de culturas como bases da estratégia. Na fazenda havia áreas de demonstração com espécies como Guandu Forrageiro, Trigo Mourisco, Feijão Mungo, entre outras. Ao final da palestra ele trouxe muitos experimentos mostrando aumento de produtividade em diversos cenários.

Bárbara ressalta que, antes de tudo, pensou-se na estratégia para engajar fazendas a entrarem no projeto e assim difundir a pecuária de baixo carbono de forma mais prática e centrada no produtor. Disse ainda que o programa principal se chama Nature Por Ninho, que é uma remodelagem de um programa anterior e que visa remunerar os produtores proporcionalmente a quantidade de práticas sustentáveis adotadas pelas fazendas. Além disso, a Embrapa treinou um grupo de especialistas em agricultura regenerativa, que pudessem dar um suporte robusto ao produtor.

Práticas mais sustentáveis são positivas, mas o grande questionamento é se ao final de tudo o produtor percebe valor nisso, e Sollero compartilhou: “Percebemos que os produtores precisam ser realmente remunerados, e nos surpreendemos muito positivamente. Desde março, quando o programa começou a ser implementado (SP, MG e GO) já contamos com mais de 100 fazendas. Até 2025 a Nestlé precisa ter 30% do volume de leite comprado vindo de agricultura regenerativa, hoje estamos em 7% com essas 100 fazendas que já fazem parte do programa. Temos participantes aumentando a produtividade e economizando em fertilizantes, o que é uma percepção de grande valor para produtores.”

O médico veterinário Azael Rossler da Fazenda Kiwi (11° colocada no ranking top 100 em 2022), em Anápolis, Goiás, compartilhou que a fazenda já aderiu ao programa e que está estudando a fundo o tema, especialmente em relação às práticas em pastejo, mas que está muito feliz com os resultados.

A produtora Nádia Frutuoso da fazenda Mutum, em Orizona, Goiás esteve presente e relatou que: “o evento veio para abrir nossa cabeça enquanto produtores de leite, no sentido de conhecer melhor as práticas que já estão sendo empreendidas em fazendas tão próximas da nossa realidade e que visam atender a exigência tanto do consumidor final quanto do mercado internacional. Produzir leite de maneira sustentável, desde o plantio de ingredientes que compõem a dieta da vaca, até o tratamento de todo dejeto produzido já é uma realidade possível, mesmo em sistemas intensivos. Esse equilíbrio entre uma atividade que seja lucrativa, em larga escala, mas que não abra mão do respeito ao solo, água e aos animais, as pessoas. Aí está um dos grandes desafios com que o produtor se depara na atualidade. Muito interessante conhecer a ideia da agricultura regenerativa! Eu particularmente fiquei encantada e com vontade de saber mais!”

Além da questão de percepção de ganho pelo produtor, há também a relação laticínio-produtor que é muitas vezes hostil, porém, segundo Bárbara, o maior desafio é mostrar que o consumidor está pressionando e é preciso atuar de forma conjunta. Além de mostrar que não é apenas por pressão do consumidor, mas para pensar na sustentabilidade dos negócios (já que ser financeiramente sustentável é um dos pilares da sustentabilidade), completou.

Com todo o projeto e engajamento das partes é preciso que o consumidor, portanto, receba as respostas em relação aos questionamentos feitos, porém em geral o nível de esclarecimento é baixo em relação a produção de alimentos. Esse é um desafio importante para o programa que procurou traduzir e simplificar as mensagens levadas. Bárbara explica que foram escolhidos 3 grandes temas de comunicação, que são: solo, água e bem-estar, que são trazidos em latas com rótulos verdes e design que transmita as mensagens principais do programa.

Ela completa dizendo que a tiragem desse primeiro rótulo foi para 900 toneladas de produto e que estão testando a percepção do consumidor. “Colocamos a informação sobre solo por exemplo dizendo que tantos campos de futebol estão sendo regenerados” completa, o que facilita muito o entendimento por parte do público urbano.

Em relação a viabilidade econômica do projeto, Sollero compartilha a necessidade compreensão. “Entendemos que é um caminho sem volta e precisamos nos adequar para sermos sustentáveis como negócio. Sabemos que isso envolve investimentos altos agora, mas vemos que realmente estamos conseguindo gerar valor.”

Em conclusão, Bárbara diz: “No final é um programa educacional, precisamos educar o consumidor e o produtor ao mesmo tempo. Temos usado o Youtube, trazendo especialistas, compartilhando cases e vídeos reais para tangibilizar os resultados e engajar o produtor, pois entendemos que quanto mais fazendas e mais laticínios estiverem embarcados nessa ideia mais o mercado vai andar nesse sentido.”

O dia de Campo de fato impressiona por reunir tantos produtores de diversos tamanhos, e grandes fazendas representadas ali como Palma, Kiwi, Santa Clara, João Vander (top 100)  discutindo uma pauta antes tida como futurista ou descolada da realidade, mas que agora se concretiza em ganhos reais em fazendas reais.