Seminário promovido pelo SESI Bahia destaca cultura como investimento estratégico para a indústria

Fonte: FIEB

Ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira, e Piatã Stoklos foram alguns um dos convidados do encontro. Fotos: valter Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB.

O Serviço Social da Indústria (SESI Bahia) realizou, nesta segunda-feira (6), o Seminário Cultura & Indústria: investimento que gera valor, um projeto incentivado pelo Programa Nacional de Cultura do SESI. Reunindo pesquisadores, gestores e especialistas no auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), o evento teve como objetivo discutir o papel estratégico dos investimentos em cultura no fortalecimento das empresas industriais, destacando sua contribuição para a sustentabilidade, inovação, competitividade e bem-estar.

Concebido em parceria com o Coletivo Gestão Cultural, sob coordenação de Giuliana Kauark, o seminário contou com a participação de empresários, produtores culturais, acadêmicos e gestores públicos em painéis temáticos, que abordaram os impactos dos investimentos culturais nas estratégias corporativas, no marketing institucional e na saúde mental dos trabalhadores. Durante a abertura, o diretor superintendente do SESI Bahia, Armando Neto, reforçou o papel da cultura na formação das pessoas como cidadãs, destacando que “assim como a indústria, a cultura também é vetor de desenvolvimento.”

Para Joana Fialho, gerente do SESI Cultura na Bahia, o seminário representou “um encontro estratégico com especialistas para refletir sobre como a cultura pode impulsionar não apenas o crescimento econômico, mas também o desenvolvimento humano e social nas indústrias e nas comunidades em que atuam”.

Chico Assis (Prefeitura de Salvador), Joana Fialho (SESI), Bruno Monteiro (Governo do Estado) e Armando Neto (SESI).

Pesquisa inédita aponta desafios na conexão entre cultura e setor industrial

Um dos destaques do evento foi a apresentação de uma pesquisa inédita realizada com 144 empresas da indústria baiana, que revelou que a maior parte delas valoriza a cultura e seu impacto social. Por outro lado, o levantamento aponta uma lacuna significativa entre produtores culturais e empresas que desejam investir em cultura. A sondagem indicou que muitas dessas empresas ainda enfrentam dificuldades para acessar e utilizar mecanismos de fomento, como as Leis de Incentivo à Cultura.

A produtora cultural Ivanna Soutto destacou a importância do levantamento: “Poder mensurar e utilizar dados é fundamental. A maior parte das marcas com quem trabalho não utiliza Leis de Incentivo porque considera o processo complicado. Falta uma sinergia que nos conecte aos produtos culturais da Bahia”.

Já a professora e pesquisadora Daniele Canedo (URB/Obec) considerou a pesquisa como um marco: “Todos os SESI do Brasil deveriam realizar iniciativas como essa. O estudo evidencia a dificuldade que ainda temos de comunicar o impacto gerado pelos projetos culturais. O SESI Bahia pode ser o elo que transforma essa percepção em uma política estruturada de investimento cultural”.

Ivanna Soutto (microfone) e outras especialistas falaram sobre a pesquisa sobre investimentos da indústria baiana em cultura.
Lilian Hanania (microfone) comentou sua pesquisa, que demonstra a importância do investimento em cultura para as empresas.

A programação contou com quatro painéis principais, iniciando com a participação da pesquisadora Lilian Hanania (Brasil/França), que discutiu a inserção da cultura nas estratégias de sustentabilidade empresarial. Ela trouxe dados de sua pesquisa, que estuda a contribuição de empresas para a diversidade cultural, constatando que: “A cultura é uma dimensão fundamental do desenvolvimento sustentável, contribui para a performance econômica das empresas, assim como para a estabilidade social e redução de conflitos.”

À tarde, o ex-ministro da Cultura Juca Ferreira participou do painel sobre cultura, marketing e governança, ao lado do consultor Piatã Stoklos, chamando atenção para a necessidade de uma visão mais estratégica por parte do setor empresarial. “A Bahia é uma marca poderosa, um verdadeiro case de marketing, mas que ainda não tem colhido plenamente os frutos desse potencial cultural”, afirmou Ferreira. Ele também defendeu a criação de um observatório cultural que acompanhe e fortaleça políticas públicas para o setor.

Encerrando a programação, o painel sobre cultura, saúde mental e bem-estar nas empresas reuniu os pesquisadores Guilherme Varella e Marcelo Veras, ambos da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que abordaram a importância de investimentos culturais na promoção do cuidado com os trabalhadores e no fortalecimento das relações dentro do ambiente corporativo.

Publicação inédita – Durante o evento, o SESI Bahia também lançou a cartilha “Cultura & Indústria: investimento que gera valor”, material que reúne dados de pesquisa, relatos de experiências e orientações práticas para empresas interessadas em investir em cultura de forma estratégica. O material visa contribuir para o diálogo entre empresas, gestores, artistas e especialistas, reforçando a cultura como um componente central no desenvolvimento sustentável da indústria. Acesse o documento ao final da matéria.

Cultura como vetor de transformação

Autoridades públicas também participaram do seminário, reconhecendo o papel da cultura como motor de desenvolvimento. O secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro, ressaltou que discutir cultura como necessidade básica é um avanço. “Temos aqui na Bahia 12% dos trabalhadores da indústria criativa do país. Precisamos fortalecer esse ecossistema, que movimenta cadeias produtivas e transforma realidades”, afirmou.

Representando a Secretária de Cultura e Turismo do Município de Salvador, o Diretor de Cidadania Cultural, Chico Assis, reforçou a importância da cultura para o desenvolvimento econômico local. “A partir da cultura conseguimos alcançar resultados concretos na construção de políticas públicas e no fortalecimento de territórios, como temos visto em diversas iniciativas nas periferias da cidade”, destacou.

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