Seu Jorge é titulado embaixador da Cultura durante Diálogos Culturais: África Brasil Caribe e Diáspora

Atividade, realizada no CCBB, em Brasília, celebra ações de intercâmbio artístico e cultural entre os países

Foto: Luciele Oliveira/ MinC

Essa ação de hoje reafirma a concretude das nossas relações com a África, Caribe e Diáspora. E é um passo importante no sentido de criarmos políticas estruturantes por meio de iniciativas e projetos realizados através da escuta”, declarou a ministra da Cultura, Margareth Menezes, na noite desta segunda-feira (27), durante o lançamento da iniciativa Diálogos Culturais: África Brasil Caribe Diáspora. A ação marca a consolidação do processo de construção de intercâmbios culturais e artísticos entre os países. Durante o ato, o compositor, cantor e compositor, Seu Jorge, foi agraciado com o diploma de embaixador da Cultura.

O intercâmbio artístico e cultural entre Brasil, África, Caribe e países da Diáspora, celebrado nesta noite, tem como objetivo reconectar essas localidades, promovendo o diálogo intercultural, a cooperação, a coprodução e a colaboração, além de fortalecer a inserção das culturas afro-brasileiras no circuito internacional das artes e da cultura.

“Para 2024 também teremos um momento muito especial para o Brasil, que estará presidindo o G20, o presidente Lula está assumindo [em 1º de dezembro]. E queremos fazer nesse G20, ações que fortaleçam a presença e a força e a importância dos países africanos nessa nova visão”, completou a chefe da Cultura.

“Ó paz infinita, poder fazer elos de ligação numa história fragmentada. África e América e novamente Europa e África. Angola. Jagas. E os povos do Benin de onde veio minha mãe. Eu sou atlântica.” Com um trecho de “Eu sou atlântica”, de Beatriz Nascimento, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, traduziu o sentimento de estar ao lado de presenças tão representativas na formação do painel de lançamento do ato, saudando a ancestralidade a o avanço que a junção de tantos atores – e países – representa.

Já Tonika Thompson, embaixadora de Barbados, destacou que iniciativas como a desta noite são passos na direção do fim de um ciclo de racismo e segregação que marca a história dos países que integram o debate. “O sonho de ser recebida como embaixadora, como sou recebida aqui, de colaborar com um país como o Brasil, é poderoso”. E completou: “Em 30 minutos ouvi coisas que representam tanto, que são sonhos”. Ela também lembrou que além da ação integrar as comemorações do Novembro Negro, o mês marca o aniversário das relações entre Brasil e Barbados.

A embaixadora Gana saudou a presença de duas ministras de Estado negras. E, em português, destacou importância de ações afirmativas e constantes de consolidação de laços e tradições. “Uma das coisas mais difíceis de ver são as coisas que temos ou fazemos todos os dias, mas para compreender o que somos e como nos tornamos pessoas, são aquelas que consideramos certas que devemos celebrar. São essas coisas que demonstram que somos um povo de força e resiliência”.

 

O embaixador Laudemar Aguiar, secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura, pontuou em sua fala a importância, do respeito e integração. “A herança africana desempenha um papel crucial e enriquecedor nas artes do Brasil, permeando profundamente as expressões culturais do país. Desde a chegada dos africanos escravizados, as tradições, ritmos, mitos, crenças e técnicas artísticas negras têm sido entrelaçadas na tapeçaria da identidade brasileira. Na música, a influência africana é evidente. Nas artes visuais, esculturas e pintura, assim como na dança. A riqueza da ancestralidade não apenas ressalta a diversidade do patrimônio cultural como a resiliência e a vitalidade de uma contribuição que continua a moldar a cultura brasileira e inspirar a expressão artística contemporânea do país. Nossa política externa não poderia ser indiferente a essa dimensão tão potente de nossa identidade nacional. O presidente Lula dobrou o número de embaixadas africanas nos seus dois primeiros mandatos. Elas foram reduzidas nos últimos anos e serão retomadas”.

Seguido de João Jorge “agora é o momento de termos um outro tipo de relação, a civilizatória, da economia criativa, bilateral. Agora temos que ser o colaborador do desenvolvimento da África, do Caribe e dos afro-americanos. Num papel de igualdade muito profunda. O Brasil precisa ter relação com os países africanos e uma cooperação cultural intensa”.

CCBB

O Centro Cultural Banco do Brasil foi palco do evento. Anfitriã da atividade, a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, aproveitou a oportunidade para anunciar dois lançamentos: o primeiro, uma nova seleção pública que irá injetar R$ 12 milhões no mercado de empreendedoras negras da cidade e do campo; a segunda, a retomada em novo formato do Projeto Memória. O Projeto Racismo e Sexismo – Olhar Lélia Gonzalez, vai levar, até 2026, uma mostra a sete capitais brasileiras.

E, em referência a uma carta publicada pelo BB na última semana, em que a instituição se desculpa pela participação no processo de escravização na história do país, Tarciana foi categórica: “Mais do que pedir, perdão, precisamos de ações efetivas”.

Um show do cantor e compositor Mateus Aleluia e a apresentação do espetáculo SEMUTSOC, da Companhia de Dança Afro-contemporânea Corpus Entre Mundos, marcaram o encerramento do ato. “Eu gosto de cantar falando e falar cantando”, disparou Mateus, diante de um público que acompanha suas canções e prosa ritmada e cheia de elementos que dialogavam diretamente com o tema do encontro.

Fonte: MinC